O real teve uma ligeira desvalorização em relação ao dólar. O que pode ser lido como uma situação corriqueira no mercado financeiro foi consequência de uma entrevista do presidente Lula (PT) ao próprio jornal. “Após falas de Lula ao UOL, dólar termina dia em alta de 1,2%, a R$ 5,5188”, dizia a manchete.
Em resposta, o petista afirmou nesta quinta-feira, 27/6, que os responsáveis pela chamada são “cretinos” por desconsiderarem que o resultado financeiro foi fechado antes mesmo da conversa com jornalistas do Uol ser iniciada. “E quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. E os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista”, disse o presidente.
“Esse mundo perverso, das pessoas colocarem para fora aqui que querem sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim. Eu queria dizer Haddad, quem tiver apostando em derivativo vai perder dinheiro neste país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real”, concluiu o presidente em referência a uma prática de enriquecimento usada por operadores do mercado financeiro.
“Pessoas achavam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez”, afirmou o presidente.
A tese é de que o real se desvalorizou após Lula afirmar que a “Faria Lima pensa no lucro e não no povo”. “O mercado sempre precifica desgraça, está sempre trabalhando para não dar certo, está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são, na verdade. E a economia vai crescer, vai crescer mais do que todos os especialistas falaram até agora que vai crescer”, disse na entrevista.
Outra fala do presidente que teria motivado o desinvestimento na moeda brasileira seria a confirmação de que ele quer aumentar os programas de política social. Na repercussão, o site afirmou que “o mercado lê as falas do presidente como uma falta de preocupação com o fiscal”.
Para sustentar a teoria, o economista Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, foi entrevistado e afirmou que “toda vez que o governo indicar um ajuste somente pela via de aumento da arrecadação, sem corte de gastos, isto vai gerar aversão a riscos, que no mercado se reflete na desvalorização do real, aumento dos juros futuros e queda na Bolsa”.