O maior pugilista brasileiro da história, Éder Jofre, morreu na madrugada deste domingo, 2/10, em São Paulo. O ex-lutador estava internado desde o dia 4 de março deste ano por conta de uma pneumonia. As causas da morte seriam complicações da doença. Jofre perdeu muito peso e não se recuperou fisicamente. Há sete anos foi diagnosticado com uma doença neurológica degenerativa.
Conhecido como “Galo de Ouro”, Jofre manteve durante toda a vida a coragem e a determinação para enfrentar os adversários da vida, como fez em 20 anos de carreira profissional, quando venceu 75 rivais (53 por nocaute) e se consagrou como o maior peso galo da história do boxe, sendo campeão mundial da categoria entre 1962 e 1965.
No começo do ano passado, passou a tratar a ETC, encefalopatia traumática crônica, doença diagnosticada em 2013 que lhe causa problemas motores e de memória, com canabidiol ou CBD, sob prescrição médica.
Trajetória
Apontado pela revista The Ring, em 1997, como o nono maior pugilista de todos os tempos, Eder ganhou uma biografia em 2021: EDER JOFRE: primeiro campeão mundial de boxe do Brasil lançada nos Estados Unidos pelo jornalista e escritor norte-americano Chris Smith.
O livro tem 605 páginas e, segundo o autor, o trabalho “foi o resultado de muitos anos de pesquisa, com várias fontes primárias, comunicação direta com a família Jofre, muitas entrevistas e vai incluir muitas fotografias raras”. Uma versão em português vai ser lançada possivelmente em outubro.
Por causa do seu 85.º aniversário, o Galo de Ouro recebeu várias homenagens de ex-campeões, que mandaram vídeos nas redes sociais
Há 36 anos, encerrou a vitoriosa carreira, mas permaneceu com um prestígio inabalável no mundo do boxe. Além de ser o maior peso galo, ganhou também o cinturão dos penas. Formou ao lado de Maria Esther Bueno e Adhemar Ferreira da Silva, um trio de esportistas brasileiro que goza de maior fama no exterior.
Repercussão mundial
ara mostrar que o comentário do site sobre o pugilista brasileiro não é exagerado, pode-se lembrar que Sugar Ray Robinson, apontado em quase todas as listas como o maior boxeador de todos os tempos, fez questão de posar ao lado de Eder, em 1960, antes de o lutador nacional enfrentar o mexicano Eloy Sanchez, quando ganhou o primeiro título mundial, em Los Angeles.
O jornalista norte-americano Ted Sares tem outra definição para o pugilista brasileiro. “Com um poder de soco em ambas as mãos, Jofre também tinha grandes habilidades técnicas e reflexos, ao melhor estilo Sugar Ray Robinson”, analisa. “Ele tinha o gancho e o direito em linha reta; um inferno. Ele tinha tudo. Um perfurador de corpos”.
Com tanto reconhecimento nos Estados Unidos, Eder entrou para o Hall da Fama do boxe em 1992. “A maioria dos fãs norte-americanos não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação, mas nos anos 60 Eder Jofre foi considerado o melhor lutador libra por libra em todo o mundo”, afirma Ed Brophy, diretor executivo do Hall da Fama. No ano passado, teve seu nome colocado també, no hall da fama da Costa Oeste.
Em livrarias de Nova York é possível comprar pôsteres do ex-pugilista por US$ 30 (R$ 51) ou camisetas com o rosto do campeão por US$ 40 (R$ 68). Algo impensável em São Paulo, onde nasceu na Rua do Seminário e passou a infância no Parque Peruche “Eder Jofre só não é maior por causa da falta de imagens de seus combates”, diz o escritor Thomas Hauser, que escreveu, entre muitas outras obras, biografias de Muhammad Ali. “Jofre foi um dos maiores de todos os tempos”.
A lendária revista The Ring classificou Eder como o 9º melhor de todos os tempos. Dan Cuoco, diretor da International Boxing Research Organization (Organização Internacional de Pesquisa de Boxe), vai além. “Vi muitas lutas dele e posso dizer, sem medo de errar, que Eder Jofre foi o melhor boxeador que nasceu abaixo do Equador”.
O respeito por Eder vem também até do único adversário a vencê-lo em 20 anos de carreira. “Foi o maior adversário da minha carreira. Fiquei em pânico quando descobri que iria lutar com ele. Era muito resistente e um grande pegador”, afirma o japonês Masahiko Fightning Harada, que bateu o brasileiro duas vezes. Em 1965 e 1966, ambas no Japão. No total, Eder lutou 81 vezes, com 75 vitórias (53 nocautes) e 4 empates.