Omissão de Marina Silva e Lula alarmam. Eles acusam o governo passado de total descaso, mas a situação piorou em um ano e meio de governo. Presidente e ministra se calam sobre tema
Uma notícia preocupante: o Brasil acaba de fechar com o pior quadrimestre da série histórica em relação ao número de queimadas e incêndios florestais. De acordo com o Programa Queimadas, do INPE, foram registrados 17.182 focos de incêndio em todo o país nos quatro primeiros meses de 2024, o que representa uma alta de 81% em relação ao mesmo período no ano passado (9.473).
A Amazônia é o bioma mais afetado pelos incêndios, respondendo por mais da metade (52,2%) dos focos entre janeiro e abril deste ano, com quase 9 mil registros. Já no Cerrado, os dados do INPE indicam a ocorrência de 4.575 focos, cerca de 26% do total nacional para o período. Mata Atlântica (10,3%), Caatinga (6,6%), Pantanal (3,6%) e Pampa (0,5%) fecham a lista.
O bioma amazônico também é destaque no ranking dos estados com os maiores números de queimadas neste ano. Pela primeira vez, Roraima lidera a lista, com 4.609 focos de incêndio, o que representa um aumento de incríveis 281% em relação ao 1º quadrimestre de 2023 (1.209). Em seguida, está o Mato Grosso, onde o número de queimadas saltou 109%, de 1.975 para 4.131. O Pará fecha o Top 3, com aumento de 83%, passando de 864 focos para 1.058.
Para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a alta significativa das queimadas em 2024 está diretamente associada aos efeitos do fenômeno El Niño no clima nacional, o que resultou em condições secas e temperaturas mais elevadas em boa parte do Brasil. “O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa”, explicou a área técnica da pasta, citada pela CNN Brasil.
Especialistas concordam com a análise, mas também apontam uma conexão entre a alta das queimadas e a persistência do desmatamento, além da própria mudança do clima em si. “A partir do momento que tem a intensificação do desmatamento, nós temos uma intensificação do fogo também”, destacou Luiz Aragão, pesquisador do INPE, ao Jornal Nacional (TV Globo). “O desmatamento do Cerrado também ocorre de uma forma similar ao desmatamento que ocorre na Amazônia, que é o corte e a queima posterior”.
CNN Brasil, Estadão e g1 também abordaram os novos dados sobre as queimadas no Brasil nos primeiros quatro meses de 2024.
Em tempo: O fogo também causa preocupação no Pantanal. Depois de experimentar uma temporada de chuvas abaixo da média e com temperaturas mais altas do que o normal, o bioma se aproxima de seu período seco com condições favoráveis à proliferação do fogo. Como a Agência Pública destacou, os níveis dos rios pantaneiros ficaram muito abaixo do mínimo esperado para o mês de abril: o rio Paraguai, na altura de Fuerte Olimpo, registrou 2,83 metros de profundidade em 15 de abril, um dos mais baixos da história, bem aquém dos 5,44 metros observados um ano antes e mesmo dos 3,37 metros de 2020, quando o Pantanal experimentou sua pior seca em seis décadas.