Em uma das convocações somente estar internado ou morreu cabe considerar a desculpa
A defesa do cargo e do poder, muitas vezes pela amizade ou imposição e nem sempre pela capacidade ou mérito, leva aos detentores dessas decisões que lhe são outorgados pelos gestores, passarem dos limites e chegam até a chantagear ou coagir funcionários comissionados ou contratados não para cumprir as tarefas, mas obedecer a demandas esdrúxulas, improprias e inconvenientes.
Esses casos parecem estar acontecendo neste momento em duas cidades da Bahia, que assim como em todo o Brasil, haverá eleição para prefeito, vice e vereadores em outubro.
Em Conde, no Litoral Norte a 185 km de Salvador, onde devem votar em torno de 18 mil eleitores, mensagens de WhatsApp que, supostamente saíram da Secretaria de Saúde, surpreendem não só pelo contexto, mas também pelo conteúdo.
Mensagem: “Secretaria de Saúde do município de Conde ( nome excluído pela redação), vem demitindo funcionários da secretaria que não aderiram ao candidato a prefeito apoiado pela secretária , como também ameaçando outros funcionários a postarem nas suas redes sociais fotos dos candidatos apoiados pela gestão atual”.
“Quem não se declara apoiador dos candidatos da Secretaria é demitido sumariamente, como alguns já foram, além de outros que estariam na lista de desafetos”, diz um dos que entraram em contato com a redação.
Outra fonte, declara que a “Secretaria deveria se preocupar com a falta de matérias nos postos de saúde, de medicamentos na farmácia popular e a reforma do hospital que já dura 3 anos e sem previsão de inauguração”.
O atual prefeito, Dudu Vieira, no segundo mandato não pode ser candidato e enfrentaria dificuldades para manter o grupo na administração municipal.
Em Serra Preta, na Bacia do Jacuípe a 168 km de Salvador, onde devem votar 16 mil eleitores este ano, as mensagens encaminhadas são estarrecedoras para não dizer bizarras em pleno século XXI.
Apenas, segundo a mensagem que você pode ler abaixo, seriam aceitas as desculpas de internação hospitalar ou morte, isso mesmo morte, para quem não comparecer às reuniões do partido do prefeito, que comparece, assim como o candidato a vice e os candidatos a vaga na Câmara Municipal.
Este ano, o prefeito Franklin Leite (Avante) perdeu dois importantes apoios que o ajudaram a chegar à Chefia do Executivo, que foram Adeil (vice-prefeito e ex-prefeito por duas vezes) e Vando Figueredo (ex-vereador por 4 mandatos) e hoje candidato a prefeito homologado pela Convenção do MDB, do vice-prefeito, Podemos, PP e PSB. Com apoio das duas (Adeil e Vando) fortes lideranças, ele teve 7,9 mil votos contra Carlos Figueredo.
A convocação, notificação ou ainda intimidação expressa por mensagens de WhatsApp, que teria saúde da Secretaria de Educação, exige presença em reuniões políticas de funcionários prestadores de serviços e cargos de confiança.
Em recente pesquisa eleitoral divulgada na cidade, o prefeito estaria com boa vantagem sobre o adversário, mas pesquisa é intenção de voto e, apesar de neste momento ser obrigatório registro no TRE, nem sempre se confirmam como com Dilma Rousseff, em 2016 (liderou até a eleição quando ficou em 4º lugar), Zé Filho, na vizinha Riachão do Jacuípe, que também estava à frente em 2020 contra Carlos Matos, que hoje é prefeito e mais recentemente ACM Neto (para quem o prefeito fez campanha) que estaria eleito governador da Bahia até dias antes de Jerônimo Rodrigues ganhar no segundo turno.
No máximo são ouvidos 3% talvez 3,5% dos eleitores, no caso de Serra Preta, até 600 dos quase 17,3 mil aptos a votar, ou ainda nem 2 das mais de 43 urnas a disposição no pleito.